quinta-feira, 19 de março de 2015

Oportunidades na crise

Muito se tem falado em crise no Brasil e no mundo. Em 2014, o cenário, em comparação aos últimos anos, não foi dos melhores e talvez 2015 também não o seja.

No final dos anos 80, a então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) iniciava seu processo de abertura econômica. Gorbachev, seu presidente à época, julgou estar no momento de os membros do Partido Comunista conhecerem as regras do capitalismo e, ao invés de fazer uma palestra ou convidar um especialista para explanar sobre o tema, resolveu distribuir entre seus pares um jogo que incorporava os conceitos capitalistas, expressos pela compra e venda de imóveis e espaços em áreas dentro de uma cidade fictícia: Banco Imobiliário ou Monopoly.

O curioso deste símbolo capitalista é seu surgimento exatamente em uma das piores fases da história mundial, mais exatamente da norte-americana: a Grande Depressão de 1929. Em meio àquela crise, um engenheiro da Pensilvânia – de nome Charles Darrow – tinha acabado de ser demitido. Certo dia, precisando, mais do que ocupar seu dia a dia, entreter seus lhos enquanto sua esposa cozinhava, lembrou-se de um passatempo interessante que conhecera no trabalho, com regras que simulavam negociar imóveis por valores fictícios. Pensando no divertimento das crianças, desenhou uma cidade com casas e prédios e definiu algumas regras.

A diversão não só conquistou seus filhos e esposa, como também vizinhos e amigos. Com aceitação, e tentando resolver sua situação de desemprego, procurou o principal fabricante de jogos e brinquedos da região, que não se animou com a ideia, achando o jogo chato com regras complicadas e confusas, sem a menor chance de fazer sucesso no mercado.

Sem desanimar, Darrow resolveu produzir o jogo por conta própria. Reuniu familiares e amigos também desempregados devido à crise. Inicialmente foram fabricadas 5.000 unidades, negociadas com uma loja de departamentos local. Rapidamente o estoque acabou.

Desse modo, o jogo passou a ser produzido em larga escala pela mesma empresa que inicialmente desacreditou o projeto, conquistou o mundo e, hoje, é fabricado em 80 países, 26 idiomas, em formato tradicional – papel ou eletrônico – com estimativa de mais de 500 milhões de usuários.

Esse é apenas um resumo das muitas histórias que já li sobre fracassos e sucessos, desafios superados, oportunidades criadas em momentos e situações inimagináveis. Em comum, todas possuem a mesma “moral da história”: não importa quão profunda seja uma crise, qual o tamanho de um fracasso, sempre haverá espaço para a criatividade, para pessoas que acreditam em suas ideias, suas forças, suas capacidades, e possuam coragem e determinação para driblar as adversidades que lhe são impostas, encontrando, ou criando, novas oportunidades.

Crises vão e vem, em maior ou menor intensidade, em diferentes momentos e regiões, em nossas vidas profissionais ou pessoal, mas sempre serão passageiras. Cabe-nos acreditar que somos capazes de encontrar Oportunidades na Crise.

Nenhum comentário:

Postar um comentário